#4 "Você trabalha com o quê?"
quando categorias já não são suficientes para se expressar.
Eu poderia começar este texto dizendo como tudo já mudou da noite para o dia e chuvas de autoconhecimento estão caindo na janela lá fora - mas algumas confissões neste dia de portal e Solstício de Inverno são importantes para manter ou tentar, colocar os pés no chão; Ao passo que fazer gracinha não paga contas, boletos e o mundo lá fora também não gargalha full time mais.
Neste processo de tentar me encaixar e na busca de realizar sonhos, viagens e projetos, a ideia e matéria são conflitos constantes. “Como é que consigo conciliar os dois?” é o tema das minhas discussões diárias com o Tempo.
O que ninguém me contou…..
mas posso te adiantar….
é que entender quem somos
e dizer isso
é um tanto….
quanto….
complexo.
Acostumada com a prática corporativa de cargos e terminologias acadêmicas como uma ferramenta de apresentar ideias e reforçar capacidade intelectuais que assegurem habilidades para exercer funções, meu mundo caiu olhando a vida na transição de carreira. O motivo? Confiar em si mesmo apenas pelo nome.
Voilà: não existe um meio que te afirme - além de você mesmo.
Nada-mais-faz-sentido-absoluto.
Perdida no personagem. E temas. E decisões. Grande demais para ficar em um só lugar mas ainda pequena o suficiente se comparado ao todo. Quando vou conseguir falar de outras coisas sem um objetivo-KPI-execução-formato-data?
Não sei. Tenho percebido a dificuldade em me apresentar a desconhecidos. A fatídica pergunta “com o que você trabalha?” me angustia diariamente. Penso e repenso no “eu sei de tudo um pouco” mas não é esclarecedor - e então o que era a oportunidade de renda extra vira mais um tema de terapia e textos corridos repletos de drama.
Neste meio tempo, enquanto tento entender como equilibrar a vida com a intelectualidade, arte e contas a pagar, qualquer 30 minutos vago vira ócio que precisa ser preenchido em um caderno de to-do list.
“Quais foram suas últimas conquistas não profissionais?”
Respirei fundo e lá veio uma onda de pensamentos:
Posso dizer que foi comprar meu snack favorito?
Uma aula experimental de dança?
Serei julgada se assumir que 90% do meu tempo é pensando ou extravasando ideias no formato profissional?
faço? muitas? perguntas?
No dia de hoje, na mitologia celta este é o momento em que a Deusa grávida dá à luz a seu novo filho, marcando o renascimento simbólico do Deus Solar. Por isso, a celebração do Solstício de Inverno reafirma a continuação dos ciclos da vida e também está ligado à roda da vida.
E, para além de uma semana com solstitium, batem à minha porta uma lua cheia em capricórnio (o auge da matéria e trabalho), junto com a nova temporada regida por Câncer. Motivo de crise? Nem os eventos externos são mais suficientes para me acolher nessa incerteza da vida.
Nesse meio tempo, depois de subir paredes, permaneço entendendo que eu e minha cabeça vamos precisar de:
Paciência;
Tempo;
Alguma forma de pagar as contas nesse meio tempo;
Terapia;
Otimismo;
Uma boa dose de yoga e 3 respirações profundas.
Quero acreditar que serei capaz de realizar sonhos da vida ideal em um tempo que ainda não tenho a menor ideia. Organizar minhas exposições, desenvolver pessoas, apresentar pesquisas-fotografias-textos-discursos-aulas-arranjos. Conseguir escrever um texto que seja explicito que sim todo campo de tecnologia e análise de dados me interessa mas também pulo do outro lado da calçada e escrevo danço ouço o que me dizem ancestrais.
Enfim.
Muita-coisa-para-uma-bio.
Hoje me acompanham:
A live de lançamento do Sonhário da Mandala Lunar;
O artigo da BBC abordando dos mais famosos discos do Jorge Ben Jor;
O TEDx da Ingra Lyberato sobre medo do sucesso;
A entrevista da Iza em conjunto ao Lázaro Ramos para o programa Espelhos;
E lá vamos nós mais uma vez.
(Aberta a freelas, hein?)
Tenho sonhos pra realizar enquanto isso.